domingo, janeiro 28, 2007

 

Shyamalan quer ser um irmão Grimm







"Elaborado a partir de uma história de ninar que Shyamalan criou para as filhas, o roteiro de A Dama na Água tenta conceber um universo mitológico que, em vez de apresentar-se fascinante e inventivo, soa mais como uma versão empobrecida de mundos fictícios infinitamente mais criativos e abrangentes. Quando a trama tem início, somos apresentados ao introspectivo Cleveland Heep (Giamatti), zelador de um condomínio que, certa noite, descobre uma jovem nadando na piscina do edifício. Pálida e misteriosa, ela revela ser uma narf, criatura das águas que veio ao “mundo dos Homens” para inspirar um indivíduo em particular – alguém que escreverá uma obra que influenciará o destino de todos. Ela também explica que está sendo perseguida por um scrunt, uma espécie de “lobo-grama” (na falta de termo melhor) que quer matá-la apesar das regras existentes contra este tipo de crime – regras impostas pelos Tartutics, espécie de “macacos-árvore” (na falta de um termo melhor). Assim, ela recorre ao auxílio de Cleveland para conseguir encontrar o humano que deve inspirar e também para permanecer em segurança até o momento em que será levada por uma Grande Eatlon, espécie de águia gigante (na falta de... hum... não, na realidade isto descreve exatamente o que é a tal Grande Eatlon)." Já notaram a quem pertence o comentário, bem humorado, entre aspas? Do, na minha opnião, melhor crítico de cinema do Brasil na atualidade, Pablo Vilaça. Ele é uma figura, é praxe da parte de minha pessoa lê a crítica de um filme após assistí-lo. www.cinemaemcena.com.br . Espero que gostem, a linguagem é acessível e o aprendizado é algo que você nota a partir do momento que ler resenhas cinematográficas se tornar rotina para você.

Parece ter se tornado um concenso entre a crítica em geral a notória decadência do diretor M. Night Shyamalan. E de fato faz sentido. "A Dama na Água" é um filme interessante, mas que se baseia em premissas sem um suporte literário (leia-se roteiro) que aguente ser convertida para o formato "filme". Foi esse tirocínio que faltou ao diretor indiano ao pensar que um conto de fada criado por ele mesmo para fazer seus filhos dormirem fosse um material suficiente para se ter um história passada no cinema. O filme se sustenta no geral, mas através de muitos artifícios. O principal deles é o fato do diretor afirmar que se trata de uma "história para crianças", o que não é verdade. Como o desenvolvimento dos personagens é muito superficial, simples, mal trabalhado mesmo, quem não se identificar com algum deles é porque não tem a visão pueril, ingênua, peculiar de uma criança. Que desculpa esfarrapada!!
Eu, na posição de fã de Shyamalan, até entendo o filme dele. Tem que ser visto por duas óticas diferentes: a infantil e a sua própria. Isso tudo é muito confuso!

O filme é cheio de marcas clássicas dos filmes Shyamalan: o filmar contemplativo, as alfinetadas nos norte-americanos (constante as imagens da guerra do Iraque no televisor de um determinando personagem), um mensagem sociológica de fundo (a importância do mito na sociedade), o ar de mistério e um personagem solitário. Quem já assistiu aos filmes mais famosos do indianos já deve ter notado esses denominadores em comum. E por falar em "personagem solitário", Paul Giamatti está, como sempre, impecável, no papel de Cleeveland Heep, um personagem que, na mão de um qualquer, perfeitamente caíria em um esteriotipado zelador gago.

Vale como diversão, apesar dos graves defeitos de direção. Ainda sim, acredito numa reviravolta desse indiano de talento innegável. Só espero que essa reviravolta vem cercada de uma maior modesta por parte do cineasta, largando essa idéia de querer ser o terceiro irmão Grimm. Apesar de tudo, ainda merece o predicado de "novo Hitchcock", obviamente que respeitando as devidas proporções .

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