quinta-feira, janeiro 11, 2007
O Melhor Disco de 2006 é...
Lá pelos idos do início de abril de 2006 eu fui conhecer o novo supermercado EXTRA com minha mãe. Fizemos um lanchinho lá após “Satyricon”, filme de Fellini, no Cinema da Fundação. Obviamente fui conhecer também a sessão de discos e me deparei com um encarte rubro-negro escrito INTERPOL. “Epa! Eu conheço você de algum lugar”, disse ao disco ao mesmo tempo em que o pegava para lembrar de qual música havia visto o clipe na MTV, já que sabia que não se tratava do coral de funcionários da polícia inglesa de mesmo nome da banda. “PDA” foi o clipe que havia visto (e adorado) há certo tempo na televisão. Vendo o preço esbocei um sorrisinho esnobe: R$ 11,90. Voltaria no dia seguinte com o dinheiro.
Escutar Interpol, assim como algumas outras bandas alternativas, é que nem pagar pedágio: no começo você chia, mas depois é só curtir a viagem. Achei que tinha feito um péssimo negócio adquirindo o disco, apesar do preço camarada. Não havia gostado do som, estava naquela fase pós-Abril ProRock 2005 com o show do Placebo, ou seja, eu estava atrás de bandas parecidas com o trio britânico ressuscitadores do Glam Rock. Mas lembrava muito que a insistência me levaria a algum lugar. Costumo dizer que se eu tivesse um CD brega do Tyrone Cigano e o escutasse todo dia provavelmente entraria para um fã-clube dele. Foi assim com o disco “Sonic Nurse”, meu primeiro contato com a banda da Kim Gordon e Thruston Moore, Sonic Youth, demorei para gostar. Apesar dos pesares, “Turn On The Bright Lights” já está no sangue de KorneliuX e acabou eleito por mim mesmo como o CD de 2006, apesar de ter sido lançado em 2001 pela Matador Records no exterior e pela Trama aqui no Brasil, após 3 EP´s de sucesso.
Inevitável, apesar de dispensável, é a comparação sonora com bandas do pedigree de Echo & The Bunnymen, Joy Division, Smiths e Bauhaus. Obviamente que tal paralelo não tem fundamento, só semelhança. O quarteto nova-iorquino tem personalidade própria, excelentes músicos: duas guitarras hipnotizantes, um baixo potente e uma bateria sempre impecável. O som é algo sombrio, etéreo, neo-prog, gótico (no bom sentido da palavra), etc. Costumo elocubrar que se as bandas emos esquecessem referências como The Used, Rancid, NOFX, Pennywise e outras craps bands e tivessem escutado Ok Computer do Radiohead, Substance do Joy Division ou até mesmo Franz Ferdinand, a história seria outra: eu compraria um deliniador e faria uma franja em mim!
Minha preferida é The New (saber que Paul Banks faz o solo dessa canção com uma só mão me assombra! Por onde andava esse guitar hero?), mas a profusão de sentimentos que eu sinto ao escutar NYC é algo inexplicável, é uma das faixas mais bonitas e experimentais. Vale a pena conferir a dançante e sensual Say Hello to the Angels (“Eu não consigo controlar a parte de mim que incha quando você move-se no meu espaço”), Obstacle (“Eu desejaria poder comer o sal dos seus lábios”), entre outras tantas.
Interpol foi uma das grandes sensações musicais para mim em 2006, uma agradável surpresa que demorou para entrar no espírito rock´n roll de KorneliuX. Letras sobre o amor sem serem pedantes, reciclando os anos 80 sem criar um revival repetitivo, isto é INTERPOL: um grupo que já demonstra maturidade musical já no disco de estréia.
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OUTROS CANDIDATOS:
SONIC NURSE do Sonic Youth
WITHOUT YOU I´M NOTHING do Placebo
YOU COULD HAVE IT SO MUCH BETTER do Franz Ferdinand
PISTA LIVRE do Cachorro Grande
CATCHING TALES do Jamie Cullum
LANGUAGE, SEX, VIOLENCE, OTHER? do Stereophonics
DON´T BELIEVE THE TRUTH do Oasis
NO WOW do Kills
LE SAC DES FILLES da Camille
Depois dá uma sacada
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