quinta-feira, outubro 05, 2006
Jack Sparrow kicks some ass (again) !
Curiosa pesquisa mostra que 57% do público que assistiu a segunda parte da trilogia Piratas do Caribe são compostos por mulheres. Surpresa, pois as figuras femininas do filme se resumem ao monumento de beleza incomparável inglesa chamada Keira Knightley, como Elizabeth Swann e Naomie Harris, criadora da feiosa, misteriosa e excêntrica figura Tia Dalma. Conclusão: definitivamente não foi por causa dessas mulheres que tantas outras se juntaram a outras tantas para assistir ao filme de maior sucesso de bilheteria da história do cinema. Continua a investigação e descarta-se a possibilidade de o motivo ser o eterno Legolas, Orlando Bloom. O garoto é bom ator, mas “nada” e “ele” deram no mesmo neste filme. Não existe um galã no filme, muito menos heróis. OPA!!! Porém existe um ANTI-HERÒI e esse, sim, foi o motivo desse “mar” de mulheres no cinema. Todas atrás de Jack Sparrow, o pirata mais sujo, mau caráter, prepotente e divertido dos últimos tempos.
É de se estranhar que o filme com a melhor bilheteria de todos os tempos não seja baseado em um livrou ou tenha saído exclusivamente da cabeça de um fã de Geena Davis em A Ilha da Garganta Cortada (1992) e sim de um brinquedo/atração do parque da Disney. O que importa é que deu certo e a seqüência do “A Maldição do Pérola Negra” se sai melhor do que a encomenda e ratifica o notório talento de Johnny Depp como ator e alça o diretor Gore Verbinski ao Olimpo holiudiano. Com um orçamento de de três dígitos de milhões de dólares (pasme! 225 milhões de dólares fresquinhos do forno) e um forte marketing, “O Baú da Morte” entra para a história pela arrecadação e por se tornar o melhor filme de piratas de todos os tempos com o agravante de, atualmente, ser um gênero fora de moda (como dizem os franceses: “depeche mode”).
Grande parte do sucesso da franquia Piratas do Caribe deve-se ao performático e excelente ator Johnny Depp. Baseado no “imortal” guitarrista dos britânicos do Rolling Stones, Keith Richards, e no Pepe Le Gambá (personagem do desenho animado Looney Toones - vivia perseguindo a gata Penélope), Jack Sparrow (adoro esse nome!) é o estereótipo (no bom sentido) de um pirata: desprezível, inescrupuloso e nesse caso (culpa de Depp) carismático. Alguém lembra daquele diálogo entre o personagem de Depp e outro pirata no qual o segundo diz que “Você é o pior pirata do qual já ouvi falar” e Sparrow diz com seu jeitão trôpego (parece um bêbado) e levemente feminino: “Ah, mas você já ouviu falar de mim!”. Clássico, clássico e C-L-Á-S-S-I-C-O! Eu não consigo imaginar outro ator na pele desse pirata cafajeste e encantador. Por que não trocarmos o nome para Jack KorneliuX Sparrow? Os críticos já estão fazendo suas previsões para os possíveis candidatos ao Oscar 2007 e os nomes levantados são de artistas com personagens sem o perfil Oscar para vencer, contudo não menos merecedores. Pelo contrário, confiram algumas das cogitações: Melry Streep como Miranda Pristley em O Diabo Veste Prada e Ian Mckellen como Leigh Teabing em O Código Da Vinci (não me surpreenderia com Kevin Spacey no papel de Lex Luthor em Superman – O Retorno). Seria a chance de Jack Sparrow?
Os efeitos especiais valem o ingresso do filme, principalmente quando o assunto é o navio Flying Dutchman comandado pelo vilão Davy Jones (Bill Nighy) e sua trupe medonhamente incrível. A tripulação é condenada a trabalhar por toda a eternidade para Jones em seu navio e acabam por assimilar as características dos seres aquáticos. Homens com cabeças de tubarão-martelo, ostras incrustradas por todo o corpo e um velho que, por tanto tempo trabalhar no navio, já faz parte do mesmo, integrando-se ao casco. Todavia, Bill Nighy (irreconhecível!) interpreta com maestria o perverso Davy Jones. Temos que admitir que seu personagem cria um novo patamar tecnológico no cinema: uma relação de foro íntimo entre ator e efeito visual, um fazendo parte do outro. Mesmo tecnologia motion capture usada em Andy Serkis (Gollum – O Senhor dos Anéis) só que com diferenças. Notem para a textura de sua pele e sua peculiar barba, tudo reagindo a elementos do ambiente: luz, água e etc. I-N-C-R-Í-V-E-L ! Outro personagem interessante é o melancólico Bootstrap Bill (Stella Skarsgård, o Padre Merrin de “O Exorcista – O Inicio”), pai do mocinho Will Turner (Bloom). É ele quem cria as cenas mais dramáticas do filme com densidade e competência.
Gore Verbinski (O Ratinho Encrenqueiro e O Chamado) mostra-se um diretor versátil e com talento para criar cenas de aventura e lutas fantásticas. Vale ressaltar o duelo entre Sparrow, Bloom e Norrington naquela moinho ambulante ladeira abaixo. Cool! Verbinski convoca um trio que merece destaque pela produção e roteiro: Ted Elliott e Terry Rossio (roteiristas) e Dariusz Wolski (diretor de fotografia). São a eles que devemos agradecer pelo vilão Davy Jones (mau de verdade!) e pela história em si, que foi criada a partir de uma atração do parque da Disney(?). É bom lembrar que este filme é uma continuação e Verbinski fez questão de não inserir flash-backs para refrescar a memória de ninguém, muito menos criar 2 filmes em 1 só para quem não viu o primeiro. O que isso significa? Vá ver “A Maldição do Pérola Negra” antes só para não ficar perdido no mar de informações (às vezes, parece que o filme exige de nós um certo conhecimento do contexto histórico em que se passa o filme) que o filme bombardeia durante trechos da trama (um erro, por sinal!).
KorneliuX simplesmente saiu babando pelo final criador de uma ansiedade nunca visto antes, nem O Senhor dos Anéis – As Duas Torres me deixo tão animado para ver o desfecho de um trilogia tão bem feita e conduzida. Previsto para março de 2007, “Piratas do Caribe 3” poderá bater um recorde próprio: ser mais visto que o antecessor. Lembro bem de Titanic ter ficado quase um ano em cartaz aqui em Recife e, ainda sim, Piratas do Caribe 2, em menos de dois meses, consegue tamanha façanha. Merece!