sábado, setembro 30, 2006

 

Superman kicks some ass!



A atual seqüência de megasucessos (Código Da Vinci, X-Men 3, Carros, Superman – O Retorno e Piratas do Caribe 2) no cinema não significa, obrigatoriamente, lucros incessantes quando se trata de um país que não tem um poderia financeiro para saciar seus anseios cinematográficos. Isso causa fatais conseqüências para os últimos da fila de megasucessos, certo? Pois veja que resposta mais estranha: SIM e NÃO. A disputa vai ser acirrada. No mercado americano, Superman – O Retorno estreou em 28 de junho, fez R$ 52 milhões no primeiro fim de semana (uma das melhores aberturas na história de sua distribuidora, a Warner Bros) e ultrapassou a marca dos R$ 100 milhões em uma semana. A alegria da distribuidora durou poucos dias. Na segunda-feira, a Disney comunicou que Piratas do Caribe, último da lista, que estreou em 7 de julho, havia quebrado dois recordes. O primeiro foi o de melhor dia de abertura, com US$ 55 milhões (roubado de Star Wars III – A vingança dos Sith). O segundo, o de melhor fim de semana de estréia em toda a história, US$ 135,6 milhões, desbancando Homem-Aranha. É devido a esta anti-fórmula que, por mais esperado que seja, Superman – O Retorno foi um “quase-fracasso” (entre aspas, chegou a superar seus próprios custos) de bilheteria, contudo é um sucesso quando o assunto é competência, diversão e arte.

"Superman – O Retorno" se passa exatamente após os dois primeiros filmes da série, o que teoricamente "anula" dois outros: "Superman III", de 1983, e "Superman IV - Em Busca da Paz", de 1987, ambas as produções sem muita notoriedade. E o subtítulo O Retorno refere-se não somente ao longo tempo que a franquia ficou parada, mas à trama em si. Fique calmo você que não é lá muito fã (assim como eu), tampouco assistiu aos outros filmes (somos dois). No começo, tudo pode ser confuso, mas logo você passa a entender o que está se passando, ou pelo menos o essencial para se entrar no clima da película. Não é minha intenção assustar com esse comentário. O filme não é complicado, muito menos uma obra minimalista no estilo Dogville, absolutamente, longe disso. Somente é uma novidade para quem, como eu, nunca teve uma atração a mais pelo Homem-de-Aço.

Depois de ler dezenas de artigos sobre o filme recuso-me a detalhar sobre a história do filme, já que não conto com a mínima possibilidade de você aí do outro lado não esteja ciente da trama (por acaso você é de Marte - ou de Krypton; e não leu nada sobre o retorno do Kal-El aos cinemas?). O filme tem uma áurea de contemplação, não de lerdeza, vacilando entre a adrenalina pura e o simples silêncio. Caso raro atualmente, pois quanto mais artifícios áudio-visuais (câmeras em movimento e barulho), mais difícil para o espectador detectar possíveis erros (o último Poseidon também não sofreu deste mal, não teve medo de ser feliz e fazia questão de enquadrar cenas com ângulos bem abertos). Com um espetáculo visual digna de OSCAR 2007, Brian Synger (X-Men e X-Men 2) cria clássico do cinema-pipoca-diversão com toques de drama existencialista e um elenco acima da média.

Brandon Routh (fala-se Rauf) surpreende no seu papel de estréia (e que estréia!), conseguindo equacionar 1 + 1 para dar 2. Lógico? Não!! Pode parecer fácil quando o saudoso Christopher Reeve interpretava Clark Kent de uma forma e Superman de outra, porém não é. Esse é o X da interpretação coerente de Routh, olhar o passado com respeito e admiração. Afinal, Reeve será o eterno Super-Homem! Kate Bosworth, por ser muito jovem não acompanha com desenvoltura a renomada Lois Lane, somente fazendo um papel mediano. Afinal de contas, como 23 anos de idade podem ser suficientes para um jornalista ganhar o prêmio Pulitzer, ser casada e ter um filho de 5 anos? Kevin Spacey, sim, cria um Lex Luthor sem caricaturas e com timing certo de vilanice e bom humor. Sua aparência careca tinha tudo para tornar sua performance trash (alguém lembra dos comentários sobre o cabelo de Tom Hanks como o professor Robert Langdon? Trash.) .

Já que o assunto é Lex Luthor... Como nem tudo é perfeito, “Superman – O Retorno” expõe claramente um problema que já existia nos quadrinhos e nos filmes anteriores: a impossibilidade da existência de um vilão realmente à altura do Superman. Lex Luthor, claro, é o mais conhecido dos antagonistas do Homem de Aço, mas o filme falha em mostrá-lo como alguém capaz de rivalizar, em força e inteligência, com o herói. Jamais sentimos que Superman está realmente em perigo. Ele não tem um oponente à altura. Além disso, o plano maligno de Luthor – criar um novo continente a partir de cristais – é bobo e foge ao tom realista proposto pelo resto do filme. Como tal lugar, formado exclusivamente por rochas, seria habitável sem rios e água potável?
A trilha-sonora é um filme à parte: garanto que os fãs mais ardorosos pagariam entrada no cinema só para curtirem a belíssima releitura da clássica trilha de John Williams para a não menos clássica abertura dos filmes da série Superman. Bryan Singer reverencia o primeiro filme usando o tema musical memorável de John Williams e os créditos que também marcaram época e que voam pela tela em som THX.

Tecnicamente irrepreensível (não é para menos, com um custo de uns três dígitos de milhões de dólares), Superman – O Retorno é um manjar para os olhos! Lembro que fiquei I-M-P-R-E-S-S-I-O-N-A-D-O como real era a figura que voava por Metrópolis, de fato um humano e não alguns megabytes de computação gráfica. Entretanto, a equipe de efeitos visuais abusou de seus “poderes” e em algumas cenas nitidamente maquiaram graficamente Brandon Routh transformando-o num Reeve rescucitado. É incrível, notem!

Um clássico do cinema-pipoca-diversão que vai eternizar a figura do homem com o colã azul e vermelho por gerações! Imperdível, belo, sensível, diferente e acima da média. Recomendadíssimo.


P.S.: Caso não tenha, ainda, visto o filme, não leia as próximas linhas (spoiler) caso não queira perder a surpresa de uma grande revelação neste filme.
Apesar da agradável surpresa, o filho do Superman torna tudo muito inverossímil. O Homem-de-Aço passou toda a sua vida rejeitando auxílio médico temendo tornar-se um experimento científico, teve o apoio dos seus pais terrestres e sucesso no seu intento. Contudo, como Lane conseguiu afastar seu filho de médicos, exames de sangue e de fezes por 5 anos sem que seu marido desconfiasse ou qualquer outro de sua família?!?!?!? Fica a dúvida.

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