sábado, setembro 30, 2006
Superman kicks some ass!

"Superman – O Retorno" se passa exatamente após os dois primeiros filmes da série, o que teoricamente "anula" dois outros: "Superman III", de 1983, e "Superman IV - Em Busca da Paz", de 1987, ambas as produções sem muita notoriedade. E o subtítulo O Retorno refere-se não somente ao longo tempo que a franquia ficou parada, mas à trama em si. Fique calmo você que não é lá muito fã (assim como eu), tampouco assistiu aos outros filmes (somos dois). No começo, tudo pode ser confuso, mas logo você passa a entender o que está se passando, ou pelo menos o essencial para se entrar no clima da película. Não é minha intenção assustar com esse comentário. O filme não é complicado, muito menos uma obra minimalista no estilo Dogville, absolutamente, longe disso. Somente é uma novidade para quem, como eu, nunca teve uma atração a mais pelo Homem-de-Aço.
Depois de ler dezenas de artigos sobre o filme recuso-me a detalhar sobre a história do filme, já que não conto com a mínima possibilidade de você aí do outro lado não esteja ciente da trama (por acaso você é de Marte - ou de Krypton; e não leu nada sobre o retorno do Kal-El aos cinemas?). O filme tem uma áurea de contemplação, não de lerdeza, vacilando entre a adrenalina pura e o simples silêncio. Caso raro atualmente, pois quanto mais artifícios áudio-visuais (câmeras em movimento e barulho), mais difícil para o espectador detectar possíveis erros (o último Poseidon também não sofreu deste mal, não teve medo de ser feliz e fazia questão de enquadrar cenas com ângulos bem abertos). Com um espetáculo visual digna de OSCAR 2007, Brian Synger (X-Men e X-Men 2) cria clássico do cinema-pipoca-diversão com toques de drama existencialista e um elenco acima da média.
Brandon Routh (fala-se Rauf) surpreende no seu papel de estréia (e que estréia!), conseguindo equacionar 1 + 1 para dar 2. Lógico? Não!! Pode parecer fácil quando o saudoso Christopher Reeve interpretava Clark Kent de uma forma e Superman de outra, porém não é. Esse é o X da interpretação coerente de Routh, olhar o passado com respeito e admiração. Afinal, Reeve será o eterno Super-Homem! Kate Bosworth, por ser muito jovem não acompanha com desenvoltura a renomada Lois Lane, somente fazendo um papel mediano. Afinal de contas, como 23 anos de idade podem ser suficientes para um jornalista ganhar o prêmio Pulitzer, ser casada e ter um filho de 5 anos? Kevin Spacey, sim, cria um Lex Luthor sem caricaturas e com timing certo de vilanice e bom humor. Sua aparência careca tinha tudo para tornar sua performance trash (alguém lembra dos comentários sobre o cabelo de Tom Hanks como o professor Robert Langdon? Trash.) .
Já que o assunto é Lex Luthor... Como nem tudo é perfeito, “Superman – O Retorno” expõe claramente um problema que já existia nos quadrinhos e nos filmes anteriores: a impossibilidade da existência de um vilão realmente à altura do Superman. Lex Luthor, claro, é o mais conhecido dos antagonistas do Homem de Aço, mas o filme falha em mostrá-lo como alguém capaz de rivalizar, em força e inteligência, com o herói. Jamais sentimos que Superman está realmente em perigo. Ele não tem um oponente à altura. Além disso, o plano maligno de Luthor – criar um novo continente a partir de cristais – é bobo e foge ao tom realista proposto pelo resto do filme. Como tal lugar, formado exclusivamente por rochas, seria habitável sem rios e água potável?
A trilha-sonora é um filme à parte: garanto que os fãs mais ardorosos pagariam entrada no cinema só para curtirem a belíssima releitura da clássica trilha de John Williams para a não menos clássica abertura dos filmes da série Superman. Bryan Singer reverencia o primeiro filme usando o tema musical memorável de John Williams e os créditos que também marcaram época e que voam pela tela em som THX.
Tecnicamente irrepreensível (não é para menos, com um custo de uns três dígitos de milhões de dólares), Superman – O Retorno é um manjar para os olhos! Lembro que fiquei I-M-P-R-E-S-S-I-O-N-A-D-O como real era a figura que voava por Metrópolis, de fato um humano e não alguns megabytes de computação gráfica. Entretanto, a equipe de efeitos visuais abusou de seus “poderes” e em algumas cenas nitidamente maquiaram graficamente Brandon Routh transformando-o num Reeve rescucitado. É incrível, notem!
Um clássico do cinema-pipoca-diversão que vai eternizar a figura do homem com o colã azul e vermelho por gerações! Imperdível, belo, sensível, diferente e acima da média. Recomendadíssimo.
P.S.: Caso não tenha, ainda, visto o filme, não leia as próximas linhas (spoiler) caso não queira perder a surpresa de uma grande revelação neste filme.
Apesar da agradável surpresa, o filho do Superman torna tudo muito inverossímil. O Homem-de-Aço passou toda a sua vida rejeitando auxílio médico temendo tornar-se um experimento científico, teve o apoio dos seus pais terrestres e sucesso no seu intento. Contudo, como Lane conseguiu afastar seu filho de médicos, exames de sangue e de fezes por 5 anos sem que seu marido desconfiasse ou qualquer outro de sua família?!?!?!? Fica a dúvida.